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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Expresso da Vitória

Expresso da Vitória é como é conhecido o que é considerado pela maioria o maior esquadrão de futebol da história do Club de Regatas Vasco da Gama e um dos maiores do Brasil, que jogou entre 1942 e 1952. A denominação teria surgido num programa musical da Rádio Nacional, onde um cantor, ao se apresentar, disse que dedicaria a música ao Vasco, chamado por ele de "Expresso da Vitória", por atropelar seus adversários em campo.[1]

O Expresso foi o primeiro time brasileiro a ganhar um título internacional fora do Brasil, o Torneio dos Campeões Sul-Americanos de 1948. Ao todo, foram onze títulos em dez anos, sendo desses cinco Cariocas, dois vencidos de forma invicta. Formou a base da seleção carioca tricampeã do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais em 1943, 1944 e 1946[2], e da seleção brasileira campeã sul-americana em 1949 e vice-campeã do mundo em 50, tendo no elenco da mesma oito jogadores vascaínos mais o técnico, Flávio Costa.

História

Em 1942 assumiu a presidência do Vasco Cyro Aranha. Naquela época, o clube vivia um incômodo jejum de cinco anos sem qualquer título dentro da cidade do Rio de Janeiro. Tentando reverter essa situação, Cyro adotou uma política de longo prazo, baseada na contratação de jovens jogadores.[3] Foi assim que chegaram o goleiro Barbosa, o atacante Ademir, os meias Jair, Lelé, Isaías, Ely e Djalma e o ponta Chico. O técnico era o uruguaio Ondino Viera.

O primeiro título veio em 1944, com a vitória no Torneio Relâmpago. Mais tarde na mesma temporada, o elenco ainda viria a conquistar o Torneio Início e o Torneio Municipal. No Campeonato Carioca o Expresso chegou à última rodada empatado em pontos com o arqui-rival Flamengo. No final do jogo decisivo o jogador rubro-negro Valido marcou de cabeça o único gol do jogo, num lance duvidoso. O atacante teria se apoiado no zagueiro vascaíno Argemiro para cabecear.[4] Contudo, o gol foi validado pelo árbitro e o time vascaíno acabou sendo vice-campeão.

O ano de 1945 foi o melhor do Expresso em número de títulos. O time foi bi-campeão dos Torneios Início e Municipal e campeão invicto carioca, fato que não ocorria havia mais de duas décadas.[3] Neste carioca o escrete vascaíno produziu diversas goleadas, como os 5x1 sobre o Bangu e os 9x0 sobre o Bonsucesso, a maior goleada do torneio. O time base era composto por Rodrigues, Augusto e Rafanelli, Berascochea, Eli e Argemiro, Djalma, Ademir, Lelé, Isaías e Jair da Rosa Pinto.

Em 1946 o Vasco perdeu seu principal atacante: Ademir, que foi para Fluminense. Além dele, saía o uruguaio Ondino Viera e assumia o técnico Ernesto dos Santos. Mesmo com o importante desfalque, o Expresso ainda ganhou naquele ano o Torneio Relâmpago e o Torneio Municipal. Neste, estreava Barbosa, considerado por muitos o maior goleiro vascaíno de todos os tempos.[5][6] No campeonato Carioca, contudo, o time não passou de um quinto lugar.

Em 1947 assumiu o técnico Flávio Costa, tricampeão em 1942, 1943 e 1944 pelo Flamengo, assumindo no lugar de Ernesto. Naquele ano o time foi tetracampeão do Torneio Municipal e mais uma vez campeão carioca invicto. O grande destaque da temporada foi o ataque vascaíno, composto por Djalma, Maneca, Friaça, Lelé e Chico. No Torneio Municipal foram 40 gols em 10 jogos; no campeonato estadual o time marcou 68 vezes em 20 jogos.[7] Neste, o elenco aplicou diversas goleadas, se destacando os 14 a 1 sobre o Canto do Rio, maior placar da era profissional do futebol carioca.[8]

Torneio dos Campeões Sul-Americanos

Em 18 de dezembro de 1947 o Vasco recebeu o convite oficial para a disputa do Torneio dos Campeões Sul-Americanos, em Santiago, organizado pelo clube chileno Colo-Colo.[2] Além do Vasco e do organizador, faziam parte da competição mais cinco clubes: o Nacional, campeão uruguaio de 1947; o Municipal, vice-campeão peruano do mesmo ano; o Litoral, campeão de La Paz em 1947; o equatoriano Emelec, convidado pelo anfitrião; e o River Plate, bicampeão argentino em 1941/42, campeão em 1945 e novamente em 1947. Este era o grande favorito do torneio: exercendo amplo domínio sobre o futebol argentino na década de 40, o time do River, apelidado de La Maquina (A Máquina), tinha como grande estrela Di Stéfano, considerado como o melhor jogador do mundo em sua época, enquanto o elenco argentino era apontado como o grande esquadrão sul-americano. Outro clube apontado como favorito era o Nacional; já o Vasco não gozava de tal prestígio entre a crônica internacional.[9]

Os cruzmaltinos desembarcaram em Santiago no dia 8 de fevereiro. A delegação vascaína era composta por 26 membros sob a chefia de Diogo Rangel: o diretor, Octávio Póvoas; o médico Amílcar Giffoni; o massagista Mario Américo; o cozinheiro Laudelino de Oliveira; o árbitro Alberto da Gama Malcher; o jornalista Ricardo Serran (do jornal O Globo), o técnico Flavio Costa e dezoito jogadores. O time base era formado por: Barbosa, Barcheta, Augusto, Wilson, Rafagnelli, Ely, Danilo, Jorge, Moacir, Djalma, Nestor, Maneca, Ademir, Dimas, Lelé, Friaça, Ismael e Chico.[9]

A estréia do Expresso ocorreu no dia 14 de fevereiro, contra o Litoral. No primeiro tempo o time vascaíno exerceu forte pressão sobre os peruanos, até Lelé abrir o marcador. No segundo tempo Lelé novamente marcou, abrindo uma vantagem de dois a zero. Logo depois o peruano Sandoval descontou para o Litoral. A partir daí a partida ficou tensa, com muitas jogadas ríspidas. Aos trinta e três minutos, Ismael trocou socos com um adversário e foi expulso. Com menos um, o Vasco passou o resto da partida se defendendo dos contantes ataques peruanos. Há poucos minutos do final o lateral Augusto sai de campo por contusão. Apesar de toda pressão do Litoral, o placar acabou se configurando como uma vitória cruzmaltina por 2 a 1.

O jogo seguinte seria contra um dos favoritos, o Nacional. Nesta partida o Vasco exibiu uma grande atuação, vencendo o time uruguaio por 4x1, gols de Ademir, Maneca, Danilo e Friaça. Assim como no jogo anterior, a arbitragem fora polêmica: o árbitro anulou um gol contra legítimo de um defensor adversário.[10] Ainda na partida, o cruzmaltino Ademir torceu o tornozelo. O exame apontou uma fratura no tornozelo direito, o que tirou o atacante do resto da competição.[10]

Aplicando goleadas em grandes times da época, como o 4 x 1 no Nacional, e 4 x 0 no Municipal, o Vasco foi caminhando ao título invicto. No último jogo, um empate de 0x0 com o River Plate garantiu ao Vasco mais um título, o maior do clube até a conquista da Libertadores da América em 1998.

Em 1949, com a contratação do atacante Heleno de Freitas, o Vasco marcou no Carioca 84 vezes em 20 jogos, um recorde até então. Depois de uma virada sobre seu maior rival, o Flamengo, em que o time perdia de 2x0 no primeiro tempo e virou para 5x2, o Vasco ganhou mais uma vez um título Carioca invicto. No estadual do ano seguinte, depois de um mal início, o time se reergeu, e aplicando diversas goleadas (9x1 no Madureira, 7x0 no Canto do Rio, 7x2 no Bonsucesso e 4x0 no Fluminense), ganhou mais um título, o penúltimo do Expresso.

Ainda em 1950, ano de Copa do Mundo, a Seleção Brasileira, que contava em sua formação titular com seis jogadores do Vasco além do técnico Flávio Costa, era considerada a favorita para conquistar o título inédito da competição. No entanto, a surpreendente derrota perante o Uruguai no jogo final tirou da equipe um título dado como certo. Em 1951 o Vasco excursionou ao próprio Uruguai, onde goleou o Peñarol, base da seleção uruguaia, por 3x0. Já no Brasil, ganhou novamente do Peñarol e do Nacional, ambos por 2x0. Esses dois jogos foram muito comemorados pelos brasileiros, que sentiram sua alma lavada da derrota de 50.

Porém, o time já mostrava sinais de cansaço e envelhecimento. O clube não passou de um sétimo lugar no Torneio Rio-São Paulo e de um quinto lugar no Carioca do mesmo ano.

A recuperação ocorreu em 1952. Apesar de estar desacreditado pela imprensa, que classificava o time de "velho" (o que, de fato, não era mentira), o Expresso fez uma ótima campanha e se sagrou campeão por antecipação, na penúltima rodada, ao vencer o Bangu por 2x1.

Era o último sopro de glória daquele grande time. Era preciso encontrar gente nova. Os jogadores antigos foram então substituídos por novos valores, como Vavá, o substituto de Ademir, que estreava naquele ano.

Títulos

Jogadores Ilustres


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